Colágeno e suplementação: evidências científicas
O colágeno é a proteína mais abundante no ser humano.
Presente nos ossos, músculos, pele, cartilagens, vasos, 30% de toda a nossa proteína é constituída por ele!
Isso equivale a 6% do nosso peso!
A sua conformação e estrutura próprias dão tensão e elasticidade aos tecidos e, em especial, à pele.
Há vários tipos diferentes de colágeno, mas, na pele, os principais são os tipos I e III.
Tipos de colágenos
Esse mesmo colágeno que dá sustentação à pele e cuja produção cai com o passar dos anos, pode ser extraído dos tecidos animais em processos industriais, dando origem à gelatina.
A gelatina é o colágeno hidrolisado (extraído através da água) purificado, concentrado e saborizado.
O problema é que a gelatina não tem ação biológica, ou seja: ela não leva a ações no nosso organismo, entre outras coisas, porque a sua absorção é dificultada pelo grande tamanho de suas moléculas.
No entanto, e isso é fundamental para entendermos tudo isso, temos outro subproduto do colágeno hidrolisado: os peptídeos do colágeno.
Eles também são extraídos de forma semelhante, mas algumas proteínas especiais, chamadas enzimas, são adicionadas ao processo e quebram esse colágeno grande em inúmeros pedacinhos menores: os peptídeos.
Esses, em geral, são formados por dois ou três aminoácidos e possuem ação biológica, ou seja: ao serem consumidos, eles fazem com que o nosso organismo aumente a produção de diversas proteínas que compõem a matriz extracelular.
Entre elas o próprio colágeno, mas também o ácido hialurônico e a elastina.
É por essa razão que o nome correto dos suplementos de colágeno que têm essa peculiaridade é, na verdade, peptídeos bioativos do colágeno hidrolisado.
O uso frequente desses suplementos permite que a pele possa engrossar, levando a uma prevenção das rugas e aumentando a firmeza da pele!
Além disso, a presença de maior quantidade de ácido hialurônico confere um aumento sensível da hidratação a pele!
Alguns estudos científicos demonstram resultados promissores em animais e também em humanos.
É claro que os resultados variam entre as pessoas, mas os trabalhos demonstram, de forma sistemática e consistente, um benefício geral nos pacientes que usam esse tipo de produto.
Trata-se, portanto, de um suplemento nutricional interessante para usarmos em diversas situações clínicas, tais como: envelhecimento, flacidez, celulite, unhas fracas etc.
Todas essas possibilidades já foram testadas cientificamente e demonstraram resultados clínicos que puderam ser mensurados em pacientes reais, por meio de diversas técnicas!
Há evidências de que possa ter resultados mesmo se utilizado sozinho, porém não há dúvidas de que fica ainda melhor aliado aos tratamentos disponíveis no consultório, tais como: lasers, peelings, preenchimentos e bioestimuladores, devido à soma de seus efeitos.
OBS: Alguns colegas ainda não estão atualizados nesse tema, principalmente, porque existe uma grande confusão entre a gelatina e os peptídeos.
Por conta disso, alguns médicos bons desencorajam o uso desses suplementos.
Para aqueles que gostam, vou deixar uma pequena lista de artigos científicos que corroboram tudo o que foi dito neste post.
OBS2: Nem tudo que está no mercado tem o mesmo grau de evidências científicas.
Muitos suplementos que clamam serem “colágeno hidrolisado” não passam de gelatina.
Não gaste seu dinheiro à toa! Cosulte sempre um dermatologista e lembre-se: há vários tipos diferentes no mercado, com objetivos diferentes.
Colágeno NÃO É tudo igual!
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